sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Texto para refletir - A educação libertadora

Educar para a liberdade


A liberdade somente encontra sentido na verdade



A educação bem pode ser entendida como uma habilitação da liberdade, a fim de perceber o apelo do valioso – daquilo que enriquece e convida a crescer – e a enfrentar as suas exigências práticas. Isso se consegue com o propondo usos da liberdade, propondo tarefas plenas de sentido.



Cada idade da vida tem seus aspetos positivos. Um dos mais nobres, que tem a juventude, é a facilidade para confiar e responder positivamente à exigência amável. Num tempo relativamente curto, pode-se apreciar mudanças notáveis em jovens a quem se confiaram encargos que podiam assumir e que consideravam importantes: ajudar uma pessoa, colaborar com os pais em alguma função educativa...



Pelo contrário, essa nobreza manifesta-se, de forma pervertida e, frequentemente, violenta contra aqueles que se limitam a satisfazer os seus caprichos. À primeira vista, esta atitude é mais cômoda, mas, a longo prazo, os custos são muito mais gravosos e, sobretudo, não ajuda a amadurecer, pois não os prepara para a vida.



Quem se acostuma, desde pequeno, a pensar que tudo se resolve de forma automática, sem nenhum esforço ou abnegação, provavelmente não amadurecerá no tempo devido. E quando a vida magoar – coisa que inevitavelmente acontecerá – talvez não tenha conserto. O homem deve modelar o seu caráter, aprender a esperar os resultados de um esforço longo e continuado, a superar a escravidão do imediato.



Certamente, o ambiente hedonista e consumista que hoje respiram muitas famílias no chamado “primeiro mundo” – e também noutros muitos ambientes de países menos desenvolvidos – não facilita captar o valor da virtude ou a importância de atrasar uma satisfação para obter um bem maior.



Face a esta circunstância adversa, o senso comum evidencia a importância do esforço; por exemplo, nos nossos dias tem especial vigor a referência à cultura desportiva, na qual se nota que quem deseja ganhar uma medalha tem de estar disposto a sofrer treinos prolongados e árduos.



Em geral, a pessoa capaz de se orientar, livremente, para bens que “valem a pena” deve estar preparada para enfrentar tarefas de grande envergadura (aggredi) e para resistir com tenacidade no empenho quando chega o desalento e aparecem as dificuldades (sustinere). Estas duas dimensões da fortaleza fornecem a energia moral para não nos conformarmos com aquilo que já foi conseguido e continuar a crescer, chegar a ser mais. Hoje, é especialmente importante mostrar, com eloquência, que uma pessoa, que dispõe dessa energia moral, é mais livre do que quem não dispõe dela.



Todos estamos chamados a conseguir essa liberdade moral, que só se pode obter com o uso, moralmente bom, da liberdade de arbítrio. Constitui um desafio para os educadores, em particular para os pais, mostrar, de modo convincente, que o uso autenticamente humano da liberdade não consiste tanto em fazer o que nos apeteça, mas o bem, como costumava dizer São Josemaria.



É esse o caminho para se libertar do clima asfixiante de suspeita e de coação moral que impedem procurar, pacificamente, a verdade e o bem, aderir, cordialmente, a eles. Não há cegueira maior do que a de quem se deixa levar pelas paixões, pelas “vontades” (ou pela falta delas). Quem só pode aspirar ao que lhe apetece é menos livre do que aquele que pode procurar, não apenas na teoria, mas com obras, um bem árduo. Não há desgraça maior do que a de quem, ambicionando um bem, surpreende-se sem forças para o levar a cabo, porque a liberdade encontra todo o seu sentido quando se exercita no serviço da verdade que resgata, "quando se gasta em procurar o Amor infinito de Deus, que nos desata de todas as escravidões", afirma São Josemaria Escrivá em sua obra 'Amigos de Deus'.


FONTE: site Canção Nova
J.M. Barrio

http://www.opusdei.org.br



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Até quando haverá descaso e opressão?

Sind-UTE/MG realiza ato na Cidade Administrativa por Ipsemg de qualidade




A Cidade Administrativa voltou a ter manifestações de servidores públicos indignados com o descaso do Governo do Estado.

A manifestação, coordenada pelo Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), foi realizada nessa terça-feira (21/08) e contou com caravanas de diversas regiões do Estado. Os trabalhadores em educação se concentraram em frente ao Edifício Minas – onde fica a Secretaria de Estado de Educação – e protestaram. Em pauta, os inúmeros problemas que a categoria tem enfrentado em relação ao IPSEMG: atendimento precário, falta de investimento em especialidades e exames no interior do Estado, diminuição das Agências de Atendimento e mudança na forma de contribuição.

Aparato policial - O uso do carro de som foi proibido e o aparato policial, com a presença do batalhão de choque e cavalaria, demonstrou a forma como o Governo do Estado recebe os trabalhadores em sua sede.

Realidade - Situação vivenciada na pele pela professora aposentada Ana Lúcia Moreira, 67 anos: após ter lecionado durante 30 anos em Belo Horizonte, ela esperava poder contar com um atendimento digno. Para ela, a mobilização da categoria é fundamental para pressionar o Governo.

“O problema é de todos nós, o Ipsemg é nosso e não do Governo. O desconto é feito em nosso contracheque e, por isso, toda a categoria deve se mobilizar. Além disso, estou pagando por uma coisa que eu não estou utilizando, porque sou forçada a procurar um médico particular, se quiser ter o meu tratamento”, afirmou.

Vinda com caravana da subsede de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e participante desde a primeira caravana dos aposentados, a professora aposentada Maria Elisa Barone, 78 anos, também destacou a importância de mobilizar a categoria, em especial, os aposentados. “Não tem idade para lutar. Os aposentados são uma força que ainda não se descobriram. Porque eles também contribuem e continuam tendo os descontos em seus contracheques e, por isso, devem lutar junto do pessoal da ativa por um atendimento digno no Ipsemg”, ponderou.

O Auxiliar da Educação Básica e diretor estadual do Sind-UTE/MG Jonas Willian Pereira, avaliou a mobilização na Cidade Administrativa. “Nós, trabalhadores da ativa, e aposentados, é quem somos os proprietários do Ipsemg. E da forma como o Instituto se encontra hoje, não é possívelaceitá-lo. Por isso, precisamos abrir um diálogo com o Governo. Apesar de o Sindicato já ter se reunido antes e protocolado as reivindicações, o Estado vai postergando e nos enrola para solucionar o problema que se arrasta em toda Minas Gerais. Eu mesmo preciso fazer uma cirurgia para retirada de hérnia. Já fiz o risco cirúrgico, mas corro o risco de perder os exames por não conseguir marcar o procedimento no Ipsemg”, explica.

Cones - Na ocasião, estava agendada a reunião do Comitê de Negociação Sindical (Cones), que contaria com a presença da Secretária de Estado de Planejamento e Gestão, Renata Vilenna e a Presidenta do Ipsemg. Diante da mobilização do Sindicato, o Governo optou por cancelar a reunião.



Problemas sem resposta - Para a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, a categoria está indignada com a situação do Ipsemg. Ela explica que o Sindicato já participou de audiência pública na Assembleia Legislativa, quando foram apresentados os problemas de atendimento de várias cidades, que evidenciam que o serviço prestado em várias regiões do Estado é muito precário. Dentre as revelações feitas pelos educadores/as, estão a demora no atendimento, além da falta de especialidades. Os problemas também foram apresentados diretamente ao Ipsemg, mas a entidade ainda não recebeu resposta.

O atendimento da perícia também foi questionado pelo Sindicato. Outra questão já denunciada pelo Sind-UTE/MG foi a situação das perícias médicas. Em algumas regiões do Estado como em Janaúba, a perícia tem sido usada para constranger os trabalhadores, uma vez que o perito questiona até mesmo a participação do servidor em atividades do Sindicato.





As subsedes do Sind-UTE/MG informam a realidade das unidades do IPSEMG no estado de Minas Gerais. Acompanhe:





Araguari

O atendimento foi reduzido.





Araxá

Os problemas com o Ipsemg na cidade aumentaram. As cotas para exames de rotina esgotam rapidamente, não atendendo a toda a demanda. Consultas têm sido desmarcadas constantemente devido ao crescente descredenciamento de médicos, clínicas e hospitais. Quem necessitar de atendimento de urgência, após a distribuição das cotas no início de cada mês, tem que recorrer à iniciativa privada. Exames como ultrassom, mamografia, tomografia e outros chegam a demorar até 60 dias para serem realizados. Os servidores designados não conseguem nada pelo Ipsemg após 15º dia de licença-médica, mesmo aqueles que têm contrato até dezembro do ano em curso. O Ipsemg não dá retorno da documentação exigida e enviada.





Bambuí

Não tem atendimento.





Belo Horizonte

A categoria enfrenta problemas com cotas insuficientes, cirurgias desmarcadas e dificuldade de agendamento de consultas e exames.





Bom Despacho

O atendimento médico é feito apenas por dois médicos. Já o atendimento laboratorial é somente para exames básicos. Não há serviços de raio-x, internações e fisioterapia. Também não há credenciamento de especialidade como ginecologia, neurologia e pediatria. Para a realização de exames mais complexos é necessário o deslocamento até Belo Horizonte e ainda assim, normalmente, os exames são desmarcados.

Carangola

As cotas para exames laboratoriais são insuficientes diante da demanda da região e as cirurgias são desmarcadas.



Iguatama

Sem atendimento.





Itabira

As cotas para consultas são insuficientes para a demanda da região.





Ituiutaba

Os trabalhadores em educação sob a abrangência da Agência do Ipsemg em Ituiutaba continuam sem assistência médica a que têm direito desde 2004. A situação, que já era precária, se agravou ainda mais ao longo desses anos. O atendimento do Instituto passou de precário a inexistente, com denúncias de cobranças indevidas de taxas.





Juiz de Fora

As cotas foram diminuídas em 50%, com exceção de hemodiálise e oncologia.





Lagoa da Prata

Não há atendimento de laboratório clínico e radiografia. Inúmeras consultas foram suspensas e a agência do Ipsemg passou a ser posto.



Moema

Sem atendimento.





Muriaé

O Centro Diagnóstico do Hospital São Paulo de Muriaé, onde os servidores fazem exames paralisou o atendimento em 2011. Vários dentistas estão pedindo o descredenciamento por atraso de pagamento. Médicos de algumas especialidades estão parando de atender por causa do atraso no pagamento.

Ubá

Não há atendimento de neurologista, psiquiatra, pneumologista, psicólogo e nutricionista.





Uberaba

Consultas desmarcadas e cirurgias adiadas por tempo indeterminado e sem justificativas, alguns médicos continuam na lista do Ipsemg, porém, não estão marcando consultas.





Uberlândia

O Hospital Madrecor foi credenciado em abril de 2009 e veio absorver uma demanda reprimida superior a 20 anos com mais de 30.000 servidores e dependentes distribuídos em cerca de 40 municípios. Os trabalhadores da rede estadual de Minas Gerais reivindicavam uma unidade que os reconhecesse enquanto servidores cadastrados no Ipsemg. Após várias negociações entre Governo, Sindicato e Ipsemg, conquistamos o credenciamento desta instituição.





Mas em 2011, ocorreu a suspensão do atendimento, prejudicando a categoria de toda a região. Não há outro atendimento no interior do Estado e, devido à demanda, não podemos nos descolocar até à capital mineira. Os servidores usuários do Hospital começaram a reclamar da restrição ao atendimento por conta da “Cota Contratual” entre Madrecor e Ipsemg uma vez que, extrapolando o teto acordado, o procedimento está sendo negado ao usuário.





Itajubá

Foi elaborado um abaixo-assinado e entregue às autoridades para tentar impedir que a sede regional do Ipsemg fosse rebaixado a posto regional, o que não adiantou. Hoje, o Ipsemg em Itajubá funciona somente como posto regional.





Pará de Minas

Há um número reduzido de médicos credenciados na cidade. Muitas especialidades como cardiologia, geriatria e ortopedia não têm médicos credenciados. Os exames laboratoriais são limitados. Geralmente na primeira semana de cada mês já se esgotam o número de fichas para os exames. Qualquer exame que for solicitado após o encerramento da distribuição das fichas, deve ser pago pelo servidor, mesmo se for considerado caso de urgência. O hospital da cidade (Hospital Nossa Senhora da Conceição), já suspendeu por diversas vezes o atendimento aos usuários do Ipsemg, alegando atraso do repasse dos valores devidos.



Muitos servidores reclamam também do atendimento na agência do Ipsemg local. Há relatos de tratamento inadequado aos usuários e demora no atendimento.



Unaí

Há somente um clínico-geral atendendo. O paciente marca no primeiro dia útil do mês e aguarda a data do agendamento. Caso precise realizar algum exame, é necessário ir até Patos de Minas.





Governador Valadares

Com o término da greve de 2011, os usuários do Ipsemg em Governador Valadares tiveram dificuldade em utilizar os serviços oferecidos pelo mesmo. Como os servidores tiveram os salários cortados, ocorreu que, por aproximadamente dois meses, não houve desconto em folha da mensalidade do Instituto e assim, os mesmos ficaram sem atendimento com os cartões bloqueados. No mês seguinte foram descontados os meses atrasados e essa situação se regularizou. Pagamos, mas não usamos.





Entre o fim de 2011 e o início deste ano, os usuários do Ipsemg vem tendo dificuldade em utilizar os serviços oferecidos pelo mesmo, devido a renovações de contratos que até a atual data não foram resolvidos, o que vem acarretando dificuldades em obter atendimento em vários setores. Quando existe um local ou especialista que atende pelo Ipsemg as cotas são reduzidas, não suprindo a necessidade da região. Assim, o usuário tem que esperar meses para conseguir uma vaga para ser atendido.









Sete Lagoas

O atendimento é feito por meio de cotas, ou seja, no início do mês as pessoas enfrentam longas filas para autorizar e marcar consultas e exames. Caso o número de cotas termine, somente no próximo mês é que novamente serão abertas novas cotas, prejudicando o servidor.





Nas especialidades médicas como fonoaudiólogo, otorrino, psiquiatra, cardiologista, mastologista, geriatra, entre outras, além da psicologia, não há atendimento.





As cotas são insuficientes para exames mais complexos como ultrassom, mamografia, raio X e tomografia - quase não se consegue agendamento devido a poucas cotas. O exame de citologia (prevenção ginecológica) não é feito por nenhum laboratório. Caso a pessoa precise, esta deve pagar pelo serviço e, para exames de sangue de rotina, o número de cotas também é pequeno frente à demanda.





Há um convênio com o Hospital Nossa das Graças, mas é muito precário, às vezes não tem médico especialista de plantão, como por exemplo pediatra.





Manhuaçu

As características do atendimento na cidade são: precário, faltam médicos especialistas em todas as áreas, laboratório não atende a demanda e não tem clínicas conveniadas para outros exames de maior complexidade.





Ipatinga, Coronel Fabriciano e Timóteo

Na agência do Ipsemg de Coronel Fabriciano, o atendimento é precário. A marcação de consulta para clínico geral na agência é quase impossível, há apenas um médico. Há especialistas como cardiologistas e ortopedistas que pré-agendam com muito tempo de antecedência. Já a Odontologia, há apenas dois dentistas para atender a região.





Alguns laboratórios de análises clínicas agendam exames no dia 15 do mês para atendimento nos três primeiros dias do mês subsequente. Outros agendam no último dia do mês para atendimento do mês de subseqüente apenas 10 pessoas por dia. A cota dura cinco dias.





Os procedimentos de ultrassonografia e mamografia são agendados para outubro/novembro, podendo ser feitos também em Governador Valadares. Exames mais complexos como ressonância magnética e tomografia computadorizada podem ser realizados na cidade de Governador Valadares.





Caratinga

A demanda é grande e há poucos médicos credenciados. Dos poucos credenciados, alguns já estão com consultas marcadas até agosto e não há mais vagas. Os casos de emergência são atendidos apenas na Casa de Saúde, onde nem sempre encontramos médicos especializados.




















































quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Corrupção: qual é a sua ATITUDE diante desta realidade?

Leonardo Boff*


A indignação generalizada face à corrupção no Brasil e no mundo está dando lugar à resignação e ao descaso. Pois a impunidade é tão vulgarizada que a maioria já descrê de qualquer solução.


Sobre esse fato, a teologia tem algo a dizer. Ela sustenta que a atual condição humana é dilacerada e decadente (infralapsárica, se diz no dialeto teológico), consequência de um ato de corrupção. Segundo a narrativa bíblica, a serpente corrompeu a mulher; a mulher corrompeu o homem; e ambos nos deixaram um legado de corrupções, a ponto de Deus "ter-se arrependido de ter criado o ser humano na Terra", como nos lembra o texto de Gênesis (6,6). Somos filhos e filhas de uma corrupção originária.


Alegava-se, nos espaços cristãos, que todo mal deriva dessa corrupção originária, chamada de pecado original. Mas essa expressão se tornou estranha aos ouvidos modernos. Mesmo assim, ouso resgatá-la, pois contém uma verdade inegável, atestada pela reflexão filosófica de um Sartre e mesmo pelo rigorismo filosófico de Kant, segundo o qual "o ser humano é um lenho tão torto que dele não se podem tirar tábuas retas".

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Importa anotar que é um termo criado pela teologia. Não se encontra como tal na Bíblia. Foi santo Agostinho, em diálogo epistolar com são Jerônimo, que o inventou. Com a expressão "pecado original", não pretendia falar do passado. O "original" não tinha a ver com as origens da história humana. Com ela, santo Agostinho queria falar do presente: a atual situação do ser humano, em seu nível mais profundo, é perversa e marcada por uma distorção que atinge as origens de sua existência (daí "original"). Fez a sua filologia da palavra "corrupto": é ter um coração (cor) rompido (ruptus, de rompere).

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Somos portadores, portanto, de uma rachadura interna que equivale a uma dilaceração do coração. Em palavras modernas: somos diabólicos e simbólicos, sapientes e dementes, capazes de amor e de ódio. Mas, por curiosidade, perguntava santo Agostinho: quando ela começou? Ele mesmo responde: desde que conhecemos o ser humano; desde as "origens". Mas ele não confere importância a essa questão. O importante é saber que, aqui e agora, somos seres corruptos, corruptíveis e corruptores. E que cremos em alguém, o Cristo, que nos pode libertar.

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Mas onde se manifesta mais visivelmente esse estado de corrupção? Quem nos responde é o famoso e católico Lord Acton (1843-1902): é nos portadores de poder. Enfaticamente afirma: "Meu dogma é a geral maldade dos homens de poder; são os que mais se corrompem". E fez uma afirmação sempre repetida: "O poder tem a tendência a se corromper, e o absoluto poder corrompe absolutamente". Por que, exatamente, o poder? Porque é um dos arquétipos mais poderosos e tentadores da psique humana; dá-nos o sentimento de onipotência e de nós sermos um pequeno "deus". Por isso, Hobbes, no seu "Leviatã" (1651), nos confirma: "Assinalo, como tendência geral de todos os homens, um perpétuo e irrequieto desejo de poder e de mais poder, que cessa apenas com a morte; a razão disso reside no fato de que não se pode garantir o poder senão buscando ainda mais poder".


Esse poder se materializa no dinheiro. Por isso, as corrupções a que estamos assistindo envolvem dinheiro. Diz um dito de Ghana: "A boca ri, mas o dinheiro ri melhor".



Não achamos cura para essa ferida. Só podemos diminuir-lhe a sangria. Creio que vale o método bíblico: desmascarar o corrupto, deixando-o nu diante de sua corrupção, e a pura e simples expulsão do paraíso, quer dizer, tirar o corruptor e o corrompido da sociedade e metê-los na prisão.



*Teólogo e escritor

Fonte: O Tempo (MG)   POR ENGANO DE MUITOS CIDADÃOS, QUE PENSAM QUE A CORRUPÇÃO ESTÁ PRESENTE SOMENTE NO MEIO POLÍTICO, ESQUECEM DA CORRUPÇÃO NA FAMÍLIA, NO BAIRRO, NA IGREJA, NAS EMPRESAS... NEM AO MENOS SE DÃO AO TRABALHO DE CONHECEREM OS CANDIDATOS QUE POSSUEM PARA OCUPAR OS CARGOS DE SUA CIDADE. ORA, O JULGAMENTO PRECIPITADO OS FAZ PERDER A OPORTUNIDADE E A VOZ PARA REALMENTE ESCOLHER, OPINAR E MUDAR! COBRAR TAMBÉM... NÃO SE ANTECIPEM A JULGAMENTOS SEM UMA ANÁLISE CUIDADOSA DOS CANDIDATOS DE SUA CIDADE, DE SUA ESCOLHA DEPENDE O FUTURO DE SUA CIDADE!   Fé, consciência e luta!
Prof.ª Élida Barros.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Unidade e força em defesa por 1/3 da jornada de trabalho para os trabalhadores em educação


A 5ª assembleia dos/as trabalhadores/as em educação da rede estadual de Minas Gerais aconteceu em Pirapora, no norte do Estado. A realização de assembleias itinerantes cumpre o objetivo de mobilizar a categoria e levar o debate dos problemas da educação para as diversas regiões do Estado. Em cada região onde foi realizada assembleia, o Sindicato conseguiu uma ampla cobertura dos meios de comunicação, valorizou a cultura regional e possibilitou que um número maior de trabalhadores da região pudesse participar diretamente das atividades do sindicato.

Também nas reuniões do Conselho Geral, o Sindicato investiu em discussão de assuntos relevantes para a categoria como a situação do ensino médio e assédio moral.

Bem às margens do Rio São Francisco - na área de eventos no Centro da cidade, cerca de 2.000 trabalhadores/as em educação, vindos de caravanas de todas as regiões de Minas, discutiram e aprovaram uma jornada de lutas da educação para o 2º semestre.

Projeto de regulamentação da jornada para hora-atividade em debate

No dia 11 de agosto, pela manhã, as atividades do Sind-UTE/MG em Pirapora se iniciaram com a reunião do Conselho Geral. Em pauta, a discussão do Projeto de Lei, de autoria do Governo do Estado, que prevê alterações na Lei Estadual 15.293/2004, para regulamentar o cumprimento da jornada de 1/3 para a hora atividade dos/as professores/as. O Sindicato iniciou as discussões sobre este projeto no Seminário que o Departamento Jurídico realizou no dia 30 de julho, com participação das subsedes. Na oportunidade, a proposta foi entregue às subsedes e definida a realização de assembleias locais para discussão do mesmo.

Além dos problemas relacionados ao aumento da jornada semanal de trabalho do professor, o Sindicato apresentou um Estudo Técnico do Dieese, que aponta a necessidade de nomeação de cerca de 19 mil professores para o cumprimento de 1/3 da jornada como hora-atividade. Ao contrário disso, o governo pretende regulamentar a Lei Federal 11.738/08 com o Adicional por Extensão de Jornada (AEJ), que nada mais é do que a atual extensão de jornada.

Processo de negociação com o Estado

Em seguida, a coordenadora-geral do Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, fez uma retrospectiva das reuniões com o Governo do Estado no 1º semestre. O governo estabeleceu um processo de reuniões com agenda a cada 20 dias. No entanto, estas reuniões não estão apontando avanços na pauta de reivindicações da categoria. O Sindicato apresenta a demanda, mas o governo ignora os problemas como foi no caso das Resoluções sobre férias-prêmio, em que o Sind-UTE/MG apresentou os problemas e o Governo publicou a Resolução sem uma discussão final, sem responder os questionamentos. O calendário de reuniões não tem sido eficaz em trazer resultados concretos para a categoria.

“O que o Governo tem feito é uma política para destruir a categoria. Desde o término da nossa histórica greve de 112 dias, temos conseguido, mesmo com a pressão do Estado, sobreviver – essa é a palavra que traduz nossa realidade. E com muita dignidade. Começar 2012 foi difícil para todos nós. Conseguimos manter um grau de mobilização, mas, precisamos intensificar a pressão.”

Valorizando a cultura regional

À tarde, os educadores se concentraram na área de eventos onde assistiram à apresentação do grupo Santa Cruz e da Fanfarra da Escola Estadual Professora Sílvia de Alencar, de Buritizeiro. Foi encenada, também pelos educadores, uma peça em alusão às comunidades ribeirinhas contando a história da luta pelos direitos da categoria, e contra o inimigo Governo, um verdadeiro tubarão que quer ‘devorar’ tudo o que já foi conquistado pelos trabalhadores em educação.

Intensificar a mobilização

Os/as trabalhadores/as presentes em Pirapora aprovaram um calendário de lutas para o 2º semestre de 2012.
As atividades começam no dia 21 de agosto, quando será realizada nova caravana dos aposentados e manifestação em defesa do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg). Nesta data está prevista a reunião do Comitê de Negociação Sindical, que discutirá as questões do Ipsemg. As recentes alterações na gestão do Instituto foram definidas sem a participação do Sind-UTE/MG, que representa a maioria dos servidores públicos. Há muita insatisfação da categoria e os problemas de estrutura e atendimento denunciados pelo Sindicato no primeiro semestre deste ano, continuam sem resposta.

IV Marcha Nacional da Educação

A próxima atividade do Sindicato será a participação na IV Marcha Nacional da Educação, que acontecerá no dia 5 de setembro. Neste dia será convocada paralisação das atividades em todo o Estado.

Em seguida, no dia 07 de setembro, participaremos do Grito dos Excluídos em Belo Horizonte, denunciando os problemas da educação mineira. Vale lembrar que o Governador estará presente em solenidade oficial que acontecerá na capital.

Nova manifestação está prevista para o dia 19 de setembro. Nesta data ocorre outra reunião do Comitê de Negociação Sindical, cuja pauta é a política remuneratória. O Sindicato convocará paralisação das atividades e realizará, além da manifestação, assembleia para definir as próximas atividades.


Avaliação

A coordenadora da subsede de Pirapora, Maria Alice Pereira Rocha, avaliou positivamente a participação dos trabalhadores na assembleia, na cidade. “Essa assembleia regional é muito importante porque mostra que o Sind-UTE/MG luta por uma educação de qualidade, justa, e com todos os elementos disponíveis. Com nossa união, somos capazes de fazer a diferença e formar esse exemplo, inclusive com alunos participativos, que mostram seus talentos, que colocam para o público, a arte e cultura.” Ela destacou ainda que, por outro lado, a categoria fica conhecendo as nossas riquezas, que têm que ser também valorizadas.

A professora aposentada na cidade de Pirapora, Maria da Conceição Ribeiro Soares, participou, pela primeira vez, da assembleia. “Achei maravilhoso participar da atividade. Eu estudei, fui professora leiga, depois fui professora estadual, concursada, estudei com muita dificuldade. Aqui não tinha condições. Em 2009, concluí minha faculdade de pedagogia, pensando que ia ser valorizada, fiz pós-graduação, e não tenho valor porque sou aposentada. Quero que os professores se unam, fiquem mais unidos, e ajudem mais os que se aposentaram. O dinheiro que ganhamos não dá para mais nada”, desabafou.

O diretor do Departamento de Formação do Sind-UTE/MG, José Luis Rodrigues, fez uma avaliação positiva das assembleias regionais. “Nós cumprimos nosso papel levando movimento para todo o interior do Estado, dialogamos com todos os trabalhadores em educação – sindicalizados ou não. Divulgamos e fizemos um debate sobre nossa carreira e sobre a política do Governo do Estado, que tem achatado e massacrado a categoria. Também mostramos que o Sind-UTE/MG é muito mais que uma luta salarial, é uma luta por qualidade na escola pública, por educação inclusiva, que respeite a diversidade, e respeite toda a rica cultura no estado e, além disso, denunciamos o Governo - com sua política perversa de perseguição em Minas Gerais.”

O coordenador da subsede de Janaúba, Honorival Alves Maciel defende a unidade como forma de implantar 1/3 da jornada. “As assembleias regionais tiveram o objetivo de divulgar as ações do Sindicato e aglutinar as forças em todo o Estado. O próximo desafio é a implementação de 1/3 da jornada como estabelece a lei. Nós não podemos cair naquilo que aconteceu em relação ao salário, ou seja, não se efetivou porque, mesmo perdendo no STF, o governo implementou em Minas o subsídio. Se isso acontecer, a lei perderá o sentido e ela prevê condições que nós precisamos para desenvolver melhor nosso trabalho.”


A diretora do Sind-UTE/MG e da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marilda de Abreu Araujo conclama a categoria a participação da Marcha Nacional, evento que acontecerá em Brasília. “Nós precisamos unir forças para conseguirmos o Piso e o PNE, que é um Plano que vai trabalhar a educação para a próxima década.”

domingo, 12 de agosto de 2012

Aos pais

Existe um homem que se esmera no comprimento do dever para dar bom exemplo:

Que fica humilde, quando poderia se exaltar;

Que chora à distancia, a fim de não ser observado;

Que, com o coração dilacerado, se embrutece para se impor como um juiz inflexível;

Que, na ausência, usam-no como temor para evitar uma ação menos correta;

Que quase sempre, é chamado de desatualizado;

Que apenas fisicamente, passa o dia distante, na labuta, por um futuro melhor;

Que, ao fim da jornada, avidamente regressa ao lar para levar muito carinho e, as vezes, pouco receber,

Que esta sempre pronto a ofertar uma palavra orientadora ou relatar uma atitude benfazeja que possa ser imitada;

Que, muitas vezes passa noites mal dormidas a decifrar os segredos da vida, quando extenuado, ainda consegue energias para distribuir energias;

Que é tão humano e sensível, por isso, normalmente, sente a ausência do afeto que lhe é dado raramente e de forma pouco comunicativa.

Que, vibra, se emociona e se orgulha pelos feitos daqueles que tanto ama.

Esse homem geralmente, se agiganta e passa a Ser o valor inexorável quando deixa de existir para sempre.

Nunca perca, pois, a oportunidade de devotar muito carinho e amizade àquele que é seu melhor amigo: SEU PAI.

PARABÉNS, PAIS!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O mestre dos mestres - Jesus, o maior educador da história

O que este livro que estou lendo tem a ver com a política ou campanha eleitoral?

Parto do seguinte trecho: "Cristo brilhou na sua inteligência, embora desde a infância tivesse sido castigado pela pobreza. Além disso, o que é mais interessante, ele induziu as pessoas de sua época, tão castigadas pela miséria física e psicológica, a ter fome do saber que transcendia as necessidades básicas de sobrevivência."

É esta fome e necessecidade que gostaria de clamar à população ubaense. Fujam do senso comum de votar no mais rico, o que satisfará sua necessidade temporária (comprando seu voto).

Necessário é, para que mude a estrutura da corrupção que as pessoas que exercem a política tenham capacidade para isso através de sua vontade política e não de seu investimento financeiro.

Se tem nojo dos corruptos, não haja como eles, eleja seu candidato(a) pela consciência!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Vote pela luta sindical, pela mulher e pelos jovens!


Esta é minha primeira disputa eleitoral, motivei-me a participar desta campanha após uma luta pela melhoria das condições dos educadores públicos estaduais. Sabemos que todo benefício alcançado em nossa sociedade é fruto de trabalho, luta e empenho. Tenho a mesma vontade de atuar e lutar por melhorias e inovação na nossa política ubaense. Os jovens precisam crer que é possível ser político e honesto, ter respeito e caráter. Política é coisa séria e muito importante, não pode ser esquecida ou deixada de lado, pois assim, estaremos abrindo mão de nosso direito de opinar quanto à política e aos políticos que desejamos.

Eleitor Bom de Voto


1. Vota de acordo com sua opinião.

2. Não vende seu voto, pois sabe que ele não tem preço.

3. Informa-se sobre as propostas dos candidatos.

4. Discute com sua família, seus amigos e colegas de trabalho as propostas dos candidatos.

5. Procura conhecer as verdadeiras intenções dos candidatos.

6. Vota sempre nas melhores propostas e ideias.

7. Não vota influenciado pelas pesquisas.

8. Sabe que seu voto pode mudar seu futuro, da sua família e o da sua comunidade.

9. Sabe que o voto é um direito seu de escolher quem quer para governar sua cidade.

10. Nunca deixa de votar.




O seu voto é a sua voz. Vote consciente.
Prof. Élida Barros, 13131.

sábado, 4 de agosto de 2012

Vadinho Baião 13 e Prof.(a) Élida Barros 13131

Apoio o prefeito Vadinho Baião porque foi o prefeito que mais investiu em educação na nossa cidade. Escolas foram construídas, os métodos de ensino foram atualizados, os professores foram estimulados com salário dentro do piso nacional, as crianças de nosso município tiveram mais felicidade em ir para a escola e as mães mais tranquilidade para deixá-las. Parcerias com IFET foram desenvolvidas para que não só os alunos da rede municipal tivessem acesso à educação de qualidade. Sabemos que a educação é a base para a formação de cidadãos conscientes e um prefeito que tem a coragem de fazer este investimento é digno de ser honrado com mais um mandato para que possa realizar ainda mais.
As moradias que foram concedidas à população de baixa renda foi também uma grande realização de sua gestão. As reformas e revitalizações de praça e pontes, dentre outros feitos caracterizam seu compromisso com a população ubaense. Seu plano de governo foi o melhor elaborado abrangendo os vários setores de forma específica para que os cidadãos saibam exatamente o que se pretende fazer e que deverá ser feito.
Como vereadora quero acompanhar de perto a implantação desse programa de governo e indicar o que mais for da necessidade da nossa população em Ubá. Principalmente na área da educação, saúde e das políticas para a mulher que ainda não foi contemplada e carece de projetos que defendam seu direito e sua autonomia como cidadã. Grande abraço e vote consciente! Eleja uma mulher que defende a educação, os direitos da mulher e os trabalhadores. Vote 13131, prof. Élida Barros. Até a vitória!

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Política para as mulheres e mulheres na política

Em entrevista à CartaCapital a cientista social Tatau Godinho faz uma análise da situação da mulher na política, fala sobre desigualdade de gêneros e da postura da oposição diante de uma mulher na presidência



Desde o início da campanha eleitoral Dilma Rousseff gerou uma expectativa entre as mulheres brasileiras em relação à questão feminina na política. Passado o segundo turno e conhecido o resultado, o Brasil ganha uma mulher como presidente, a primeira da história, eleita com 56% dos votos válidos contra 44% para o oponente José Serra.


Para fazer uma análise dos ganhos da população feminina com a eleição de Dilma à presidência, o site de CartaCapital entrevistou a cientista social dedicada à temática do feminismo e política, Tatau Godinho. Ela acredita que “as questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana”. Mas isso também depende de uma presença mais forte do movimento de mulheres para que sejam feitas mudanças no sentido progressista. E avisa: “o campo da oposição provavelmente se apoiará em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições.”

A Paula Thomaz


CartaCapital: Como você vê a situação da mulher hoje na política em termos de participação e de políticas voltadas ao gênero feminino?

Tatau Godinho: A presença das mulheres na política tem aumentado nos últimos anos. Em termos de políticas públicas, questões específicas voltadas à saúde das mulheres, o combate à violência e mesmo uma ampliação nos horizontes profissionais têm sido alvo de atenção dos governantes. Mas uma alteração mais profunda nas desigualdades entre homens e mulheres ainda está por vir.



Quanto à participação, no entanto, os espaços da política mais institucionalizados ainda são um gueto masculino. Fala-se muito na necessidade da presença das mulheres, mas o fato é que direções dos partidos, no parlamento, nos cargos executivos e de direção, as mulheres ainda aparecem como uma exceção.



E isso reflete uma realidade presente em, praticamente, todas as outras áreas da sociedade. O comando das empresas, as direções dos jornais, de outros meios de comunicação, por exemplo, ainda são lugares onde a presença das mulheres é quase simbólica.



CartaCapital: Existem mais mulheres que homens no Brasil, a mulher é responsável, em muitos casos, pela educação dos filhos, tem contribuição efetiva na sociedade, tem um dia internacional dedicado a ela. Por que quando se trata de política tudo isso parece se reduzir?

TG: A ampliação da presença das mulheres no mundo público, isto é, fora do âmbito da família, continua totalmente vinculada a uma sobrecarga colocada sobre elas em relação ao cotidiano, à vida familiar, ao cuidado com as pessoas. As mulheres assumem novas tarefas, mas muito pouco se alterou nas relações de poder. E a política é o espaço concentrado das dinâmicas de poder na sociedade. É ali que são definidos boa parte dos grandes grupos de interesses, dos destinos dos países. Obviamente, as disputas políticas não ocorrem apenas nos espaços tradicionais ou institucionais. Mas é um sintoma da fragilidade da democracia a exclusão tão recorrente das mulheres.



CartaCapital: Quais os avanços poderão ser conquistados pelas mulheres, na política, com a eleição de Dilma Rousseff à presidência da República?

TG: Sem dúvida uma mulher na Presidência da República já representa, de saída, uma quebra de barreiras. O principal cargo político do país é uma referência necessária para os debates, as articulações políticas, para as mais diversas áreas em torno das quais a sociedade se mobiliza. Tem uma influência importante, também, no imaginário social em relação às mulheres. Mas as mudanças mais concretas, em termos de políticas, dependem da insistência que a presidenta tiver em fortalecer uma agenda voltada para a igualdade. As questões relacionadas aos direitos das mulheres vão ser colocadas na agenda política de forma muito mais cotidiana. E é muito importante uma presença mais forte do movimento de mulheres para que isso seja feito em um sentido progressista. O campo de oposição, provavelmente, se apoiará também em uma agenda conservadora em relação aos direitos das mulheres, como já ocorreu nas eleições. Por isso, para garantir um avanço, acredito que seja necessário que a sociedade se mobilize no sentido de possibilitar um efetivo avanço de direitos. Dilma Rousseff tem um histórico de atuação rompendo espaços em áreas muito fechadas às mulheres e, acredito, que isso dará a ela uma boa experiência de como lidar em um ambiente adverso.



CartaCapital: O que muda na bancada feminina no Congresso com a eleição de Dilma?

TG: As deputadas e senadoras têm uma oportunidade inédita de fortalecer sua voz no Congresso. Mas é preciso se apoderar dos sinais indicados pela futura presidenta, de que valoriza o aumento da participação política das mulheres, e consolidar novas lideranças nas disputas concretas que compõem o dia a dia do Congresso. Esse é um momento privilegiado para que as parlamentares mulheres reforcem sua presença e, mais especialmente, para que a bancada feminina apareça como uma forte articuladora de reivindicações de políticas que incidam sobre a desigualdade entre mulheres e homens. Para isso é necessário que a atuação se paute por uma plataforma ampla, que não fique apenas em temas de menor incidência, ou nas áreas que são consideradas tradicionalmente mais receptivas à participação das mulheres. Há questões fundamentais em relação ao mundo do trabalho, no âmbito da política econômica e de desenvolvimento, da previdência, ou a reforma política e partidária, como mencionado anteriormente, que são muito importantes. Isso vai depender da atuação das parlamentares comprometidas com essa agenda. Ampliar o número de mulheres é muito importante, mas mudanças reais para as mulheres só ocorrerão se isso se combina com uma agenda de propostas e reivindicações para alterar as condições de desigualdade e discriminação vividas pelas mulheres.



CartaCapital: Em reunião de transição dos ministérios na segunda-feira 8, Dilma anunciou que quer mais mulheres no primeiro escalão do governo. O que achou dessa atitude da presidente?

TG: É muito positivo que Dilma tenha acenado, logo de início, com a importância de ter uma presença maior das mulheres em cargos chaves do governo. Com certeza os partidos vão resistir. Afinal, dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Nem na física nem na política. E a concentração masculina nas redes de direção é brutal. Não são apenas os dirigentes partidários. Isso inclui os quadros do parlamento, das direções sindicais, das universidades ou outras entidades da sociedade. A insistência da presidenta em compor um governo com maior presença de mulheres obrigará os partidos, e toda a sociedade, a discutir a questão.



Em outros países, houve um processo semelhante. Como na Espanha, por exemplo. E isso cria, de fato, possibilidades de mudanças.



CartaCapital: Falando de gênero, para você as mulheres são iguais aos homens, têm necessidades específicas ou lhes faltam alguns privilégios concedidos aos homens?

TG: Quando se fala em igualdade entre mulheres e homens, o sentido é a igualdade social e política. É evidente que na sociedade os homens têm imensos privilégios em todos os âmbitos: renda mais alta, acesso a melhores postos e empregos, mais tempo de lazer, dominam os espaços de poder político e econômico na sociedade. E isso se articula com todas as vantagens que têm no campo da vida pessoal e familiar, em relação ao cuidado com os filhos, ao trabalho doméstico, e nas questões ligadas à sexualidade. É isso que é preciso mudar. Há um pensamento conservador que atribui às mulheres um papel centrado na maternidade e na família. Isso é cultivado. É um mecanismo que justifica a falta de responsabilização masculina. Assim os homens ficam livres para o poder, enquanto as mulheres cuidam da sobrevivência. É essa a divisão que precisa ser superada na sociedade. Naturalizar o papel das mulheres na família, na maternidade, nas funções do cuidado é negar às mulheres a posição de igualdade e racionalidade e, em última instância, deixar as funções de direção e poder efetivos da sociedade, a elaboração da cultura e da ciência para os homens.



CartaCapital: Chegaremos a um dia em que a desigualdade de gêneros será superada?

TG: Eu acredito que sim. Para uma superação efetiva das desigualdades é preciso uma mudança mais geral. A sociedade capitalista absorve e rearticula as relações de dominação compondo uma dinâmica de desigualdade que favorece a exploração, a concentração de renda, a manutenção de padrões de opressão em diversos níveis. A superação da desigualdade de gêneros é uma perspectiva libertária, de uma sociedade livre com seres humanos vivendo em plenitude suas capacidades. E isso exige a mudança do modelo de sociedade atual, em que as desigualdades são parte da organização necessária das relações sociais. Mas isso não significa jogar as reivindicações para um futuro distante e abstrato. É preciso investir para que as mudanças sejam implantadas desde agora. Toda mudança é um processo político e social que envolve também conflitos. E nós não podemos deixar de enfrenta-los.



CartaCapital:Qual tem sido a importância da Secretaria de Políticas para Mulheres desde a sua criação?

TG: A criação da Secretaria de Políticas para as Mulheres foi uma iniciativa muito importante do governo. Ela buscou construir uma agenda para todo o governo. Em algumas questões, como a proposta de implantar uma política de combate à violência sexista, os avanços são mais claros. Em outras áreas, ainda há muito o que fazer. Os esforços da SPM em coordenar um plano geral de políticas para as mulheres são significativos e as dificuldades são muito grandes. É necessário uma consolidação maior dessa política no próximo governo.



CartaCapital: Como você acredita que a sociedade brasileira enxerga a falta do primeiro cavalheiro ao lado de Dilma?

TG: Essa é uma discussão que demonstra o grau de conservadorismo na sociedade. Afinal, a discussão só existe porque os espaços de poder são considerados lugares para os homens e não para as mulheres. O cargo de primeira-dama é a pior simbologia do atraso em relação às mulheres: significa que o lugar para elas é de esposa, e não de dirigente. É a reafirmação de que para as mulheres o espaço legítimo é o mundo privado e não a esfera pública, como é o caso da política. Além do mais, isso ainda se combina com o clientelismo que enxerga a política de assistência social como caridade e não como direito!



Chama a atenção o quanto mesmo os setores pretensamente mais modernos da sociedade reforçam esse papel e esse lugar para as mulheres. E, inclusive, criticam as mulheres que se recusam a aceitar esse papel. Que, sendo mais informal, é tudo de atrasado, de medíocre e de “brega”.



Uma mulher na presidência tem, além de tudo o mais, a vantagem de nos livrar dessa discussão.



CartaCapital: Chamar Dilma de presidente ou presidenta faz diferença?

TG: É uma questão simbólica. Não é decisiva mas possibilita marcar o significado da eleição de uma mulher para a presidência. E forçar um pouquinho a Língua Portuguesa a se adaptar a um mundo de homens e mulheres também nos cargos, carreiras e funções antes ocupados apenas por homens.

FONTE: http://www.cartacapital.com.br/sociedade/politicas-para-mulheres-e-mulheres-na-politica/
Essa entrevista é interessante para refletir sobre o papel e a importância da representação feminina na política, assim como Dilma tem conseguido conduzir bem o Brasil, torna-se necessário que mais mulheres participem ativamente das decisões políticas de seus municípios para que possam provocar e articular mais políticas de desenvolvimento e amparo às mulheres brasileiras em cada estado e município.

Para representar as mulheres, a educação e os trabalhadores,
Prof. Élida Barros, 13131.