quinta-feira, 7 de julho de 2011

Por Euler Conrado
Caro jornalista Luis Nassif,
O Brasil, ou melhor, as elites dominantes, tornaram-se mestres em produzir expectativas quando não querem resolver os reais problemas enfrentados, como na Educação, na Saúde pública, etc.
Criaram uma Lei do Piso que seria a solução para os baixos salários dos educadores, mas que não é cumprida. O governo Federal finge que o problema é dos estados e municípios, e estes aplicam calotes nos educadores, mudando grosseiramente os planos de carreira, inventando leis do subsídio (como em Minas Gerais), ou reduzindo percentuais de gratificações (como em Santa Catarina), tudo ao arrepio da lei.
Ora, quem garante que a aprovação de uma nova lei para a Educação vai mudar esta realidade?

Quando se trata de Copa do Mundo, rapidamente os governos mobilizam bilhões de reais, beneficiando empreiteiras que depois financiam as candidaturas destes governantes - das três esferas. Também não falta dinheiro para pagar anualmente muitos bilhões de juros da chamada dívida interna. Já propus uma vez trocarem parte dos juros dessa dívida por parte do prometido fundo social do pré-sal, já que, imagine-se, os opulentos banqueiros têm melhores condições do que os professores para esperarem pelo prometido glorioso futuro.
Em Minas, onde o governo canta aos quatro ventos que o estado cresce em proporções chinesas e onde constroem-se cidades administrativas, estádios e viadutos, o governo alega não poder pagar o piso do magistério; ou melhor: diz que já paga o piso por meio do subsídio, que é exatamente o oposto do piso, ou seja: somatória de vencimento básico com gratificações, como este blog já pode discutir em outra oportunidade. Enquanto isso, paga o pior piso salarial do país: R$ 369,00!
Mas, na campanha eleitoral a presidenta Dilma bateu na tecla sistematicamente que iria melhorar a situação dos professores. Como também Lula havia feito e não cumpriu. Dos demotucanos nós nem esperamos nada mesmo, pois eles não têm qualquer sensibilidade com os problemas sociais.
Então, fica esta pergunta no ar: para quê aprovar mais uma Lei - a do PNE - se não aplicam sequer a Lei do Piso em vigor?
Talvez estejam aguardando que a Educação pública acabe, seja privatizada, e que não haja mais nenhum estudante que queira graduar-se em licenciatura.
Neste caso, a escola pública, talvez uma das poucas possibilidades de proporcionar às famílias de baixa renda uma boa formação crítica e possibilidade de ascensão social, seja transformada de fato em uma espécie de presídio para os filhos dos trabalhadores de baixa renda. Sem perspectiva, sem qualidade, apenas um local de inclusão à avessas para os pobres, como parece ser o projeto das elites.

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