quinta-feira, 10 de maio de 2012

Analisando Memórias Literárias - 7º e 8º ano

Da escuridão para o colorido


Aluna: Évelin Cristina Nascimento da Silva

Tristeza! É o que sinto quando abro meus olhos e vejo a mais terrível escuridão, que não

cessa. O único remédio é fechá-los e deixar-me levar pelas lembranças.

Lembro-me como se fosse ontem: bem cedinho, o sol não havia nem acordado ainda,

eu já estava na estrada da minha cidade Santa Branca que nem asfaltada era, pura terra,

com uma brochura e alguns lápis dentro de uma sacolinha de arroz – pois nossa vida era

difícil e papai só ganhava o suficiente para não morrermos de fome e frio. Enquanto caminhava,

a poeira batia em meus olhos e os fazia ficar cheios d’água.

Eu ia cantarolando que nem um sabiá até chegar à escola Barão de Santa Branca,

hoje bem conhecida na cidade e antigamente a única. Recordo-me de que lá havia um

muro para meninos e meninas não ficarem misturados. Bobagem! Ai de nós se tentássemos

olhar para elas... A régua cantava na palma de nossas mãos, parecia que os professores

sentiam prazer em fazer isso, eram rígidos demais.

Assim que saíamos da escola, eu e meus amigos íamos nadar atrás da fábrica de trigo,

que hoje não existe mais – nem a fábrica, nem as águas limpas. Depois íamos jogar

bola atrás do mercado municipal, onde hoje é o posto de saúde. Ficávamos parecendo

tatus, a terra grudava nas roupas e na pele molhada. Depois disso dávamos mais um pulo

na cachoeira, pois se chegássemos assim em casa a vara de amora era o presente para

nossas pernas.

O mais engraçado era ver d. Dolores dirigindo. Se surgia uma nuvem de poeira, podíamos

ter a certeza de que era ela com seu Chevrolet. Afinal, era a única mulher de Santa

Branca que dirigia.

Não posso me esquecer dos cortejos: a cidade inteira seguindo um caixão, sem saber

quem estava dentro. Havia uma banda que tocava para o defunto e ele tinha direito até a

foto. Dá para acreditar nisso? Mamãe me dizia para não dar risadas nem ir ver o rosto do

morto, principalmente se fosse gente ruim, senão ele poderia voltar para assombrar. O sino da delegacia tocava pontualmente às 21 horas para todos se recolherem, era uma época


bem perigosa. De noite a cidade era iluminada por lampião de querosene – isso a deixava

mais sombria.

Foi minha melhor época, mas hoje sou velho, e a cegueira tomou conta dos meus olhos.

Tenho saudade do colorido que hoje só vejo em minha mente através das lembranças do

passado. Escuridão é o que eu vejo, mas jamais sairá de mim a magia de recordar.

(Texto baseado na entrevista feita com o sr. Sarkis Ramos Alwan, 41 anos.)
 
RESPONDER:
 
1) De que fase da vida o autr se lembra no texto?
2)Qual detalhe mais lhe chamou a atenção sobre o que foi recordado?
3) Há mais momentos felizes ou tristes? Descreva um episódio que exemplifique cada momento.
4) Qual foi o entrevistado, sua idade e o autor?
5) Qual a importância das lembranças para este entrevistado em especial?
6) Na sua opinião para que serve este gênero "Memórias literárias"?

Um comentário:

wesley disse...

1-de quando ele era criança.(wesley)