Rumo
É tempo, companheiro!
Caminhemos...
Longe, a Terra chama por nós,
e ninguém resiste à voz
Da Terra...
Nela,
o mesmo sol ardente nos queimou,
a mesma lua triste nos acariciou,
e se tu és negro e eu sou branco,
a mesma Terra nos gerou!
Vamos, companheiro...
É tempo!
Que o meu coração
se abra à mágoa das tuas mágoas
e ao prozer dos teus prazeres
Irmão
Que as minhas mãos brancas se estendam
para estreitar com amor
as tuas longas mãos negras...
E o meu suor
se junte ao teu suor,
quando rasgarmos os trilhos
de um mundo melhor!
Vamos!
que outro oceano nos inflama...
Ouves
É a Terra que nos chama...
É tempo, companheiro!
Caminhemos...
LARA, Alda. Rumo. In: NEVES, João Alves das. Poetas e contistas africanos de expressão portuguesa.
A marca principal da literatura africana de língua portuguesa é sua postura de resistência à dominação estrangeira, de reivindicação dos direitos humanos básicos, bem como a denúncia da exploração de que ainda são vítimas as populações mais pobres.
Muita gente se engajou nessa resistência - cantores, pintores, poetas, escritores, intelectuais, jornalistas. E, como milhões de africanos foram trazidos na condição de escravos ao Brasil ao longo de vários séculos, boa parte da população brasileira se reconhece nessa resistência, pois, afinal, são descendentes dessas pessoas.
Fonte: Português. Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano. Volume 3.
Nenhum comentário:
Postar um comentário