segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O lutador (Carlos Drummond de Andrade)

Lutar com palavras
é a luta mais vã.
Entanto lutamos
mal rompe a manhã.
São muitas, eu pouco.
Algumas, tão fortes
como o javali.
Não me julgo louco.
Se o fosse, teria
poder de encantá-las.
Mas lúcido e frio,
apareço e tento
apanhar algumas
para meu sustento
num dia de vida.
Deixam-se enlaçar,
tontas à carícia
e súbito fogem
e não há ameaça
e nem há sevícia (maus tratos)
que as traga de novo
ao centro da praça.

Insisto, solerte.
Busco persuadi-las.
Ser-lhes-ei escravo
de rara humildade.
Guardarei sigilo
de nosso comércio.
Na voz, nenhum travo
de zanga ou desgosto.
Sem me ouvir deslizam,
perpassem levíssimas
e viram-me o rosto.

Lutar com palavras
parece sem fruto.
Não têm carne e sangue...
Entretanto, luto.

Palavra, palavra
(digo exasperado),
se me desafias,
aceito o combate.
Quisera possuir-te
neste descampado,
sem roteiro de unha
ou marca de dente
nessa pele clara.
Preferes o amor
de uma posse impura
e que venha o gozo
de maior tortura.

Luto corpo a corpo,
luto todo o tempo,
sem maior proveito
que o da caça ao vento.
Não encontro vestes,
não seguro formas,
é fluido inimigo
que me dobra os músculos
e ri-se das normas
da boa peleja.

Iludo-me às vezes,
pressinto que a entrega
se consumará.
Já vejo palavras
em coro submisso,
esta me ofertando
seu velho calor,
outra sua glória
feita de mistério,
outra seu desdém,
outra seu ciúme,
e um sapiente amor
me ensina a fruir
de cada palavra
a essência captada,
o sutil queixume.
Mas ai! é o instante
de entreabrir os olhos:
entre beijo e boca,
tudo se evapora.

O ciclo do dia
ora se conclui
e o inútil duelo
jamais se resolve.
O teu rosto belo,
ó palavra, esplende
na curva da noite
que toda me envolve.
Tamanha paixão
e nenhum pecúlio. (benefício)
Cerradas as portas,
a luta prossegue
nas ruas do sono.

Ah professor se tu soubesses teu valor...
Não se trata apenas de 712 ou 1187!
É tua honra, tua dignidade, teu exemplo de luta!
Teus alunos precisam ver-te mais animado, mais bonito, mais sonhador...
Que importa salário cortado, gás de pimenta, truculência, críticas se
teu valor é este, paga-o, pois é tua carreira, teu futuro que está em jogo e
mais é o valor das geralções futuras, dos pobres que necessitam de escola pública.
Eles não merecem qualquer um! Estes sim, merecem os mais guerreiros, os mais valentes,
os mais fortes. Não trabalho em uma escola central nem em uma de referência, mas como ensinou Jesus, o menor se faz maior! Estou na luta por tudo isso...
111 dias e uma ministra do STF também quer que voltemos para sala de aula sem o nosso piso!
Oh ministra, oh desembargadores, oh governador que caso fazes, destes educadores...

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